8 de março corporativo: chegou a hora de superar as flores e partir para os direitos trabalhistas

O dia 8 de março finalmente chegou, e com ele, as homenagens das empresas nas redes sociais para suas funcionárias. Não passou da hora de avançar?




Política
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O dia 8 de março finalmente chegou, e com ele, as homenagens das empresas nas redes sociais para suas funcionárias. Por vezes, dão flores, chocolates, palavras inspiradoras, mas, e os direitos trabalhistas, onde ficam? 

Antes de tudo, é preciso fazer um resgate da história desse dia de luta para compreender o real sentido do 8 de março. 

Em 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, surge a proposta da criação de um dia especial para as mulheres em todo o mundo. O objetivo era organizar as trabalhadoras para reivindicar seu direito ao voto. Em 1911, no dia 25 de março, aconteceu um incêndio na fábrica  Triangle Shirtwaist, levando a vida de 125 mulheres operárias. Após esse incidente, a União Internacional de Mulheres da Indústria Têxtil fomentou mais ações sobre as condições de trabalho que as mulheres eram submetidas na época. 

Esse período foi marcado por inúmeros atos encabeçados por organizações de mulheres em defesa da vida, dos direitos políticos e trabalhistas. Ainda nessa efervescência, acontece no dia 8 de março de 1917 na Rússia a grande passeata de Petrogrado, onde mulheres tecelãs e mulheres familiares de soldados do exército pediam “pão, paz e terra”. 

Greve puxada por mulheres na Rússia em 1917. Foto: Getty images

Foi em 1921, na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, que o 8 de março foi fincado como dia de luta das mulheres trabalhadoras. Somente em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU), reconheceu a importância da data em busca de equidade de gênero em todas as esferas. 

Sendo assim, o 8 de março é um dia voltado para relembrar toda essa trajetória, mas acima de tudo, é um momento onde as mulheres se fortalecem e trazem o debate à esfera publica para mudar as estruturas de opressão.

Um panorama geral das mulheres no mercado

Ao olhar para trás, percebemos avanços consideráveis nas condições de trabalho feminino. Entretanto, estamos longe de afirmar que é um cenário ideal.  

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ganham em média 79,5% do salário do homem, ocupando o mesmo cargo e exercendo a mesma carga horária. Segundo pesquisa realizada pela consultoria Indique Uma Preta, onde foram entrevistadas 1.000 mulheres em 2020, somente 23% estavam empregadas no mercado de trabalho formal, entre os cargos 2% atuavam na diretoria da empresa, e 3% ocupavam a gerência. E, 51% das entrevistadas afirmaram sentir dificuldade em ser promovida por subestimação intelectual, enquanto mulheres negras. 

Desde 2018, a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, informa que apenas 1% dos PCD (Pessoas com deficiência) estão empregados em trabalhos formais. Não há o quantitativo de mulheres, mas por se tratar de apenas 1% da população, conseguimos imaginar e ver na prática a falta de inclusão dentro do ambiente corporativo. 

E, para finalizar, um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com 247 mil mães, mostra que 50% das mulheres são demitidas após, aproximadamente, dois anos da licença maternidade. 

Fugir das flores e partir para a ação 

Com todo esse panorama, é interessante pensar em como mudar a realidade prática das mulheres dentro do seu micro espaço de trabalho. Valorizar uma profissional vai muito além de proferir elogios nas redes da empresa. Reconhecer é garantir todos os direitos trabalhistas, é ter uma equipe plural de mulheres, é não negar oportunidade as mães, é ouvir as necessidades de cada uma, inclusive em casos de assédio e abuso cometido por outros funcionários. Resumindo é agir!

Substituir as flores e chocolates por ações pertinentes que farão diferença no dia a dia das trabalhadoras, é resgatar toda a memória da história do 8 de março e não esvaziar o debate das reais necessidades e pautas desse dia.

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