Ciro Gomes e Lula selam reaproximação política

O encontro que marcou a reaproximação ocorreu em setembro na sede do Instituto Lula, e foi articulado por Camilo Santana




Política

A relação entre o ex-presidente Lula e o ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes vinha amarga a alguns anos, tendo atingindo seu ápice em 2018. Entretanto, ao que tudo indica os dois nomes selaram acordo de paz, ao menos temporariamente. O entendimento das partes, segundo informações, teria ocorrido em uma reunião realizada em setembro deste ano na sede do Instituto Lula, em São Paulo. O encontro foi articulado pelo governador do Ceará, Camilo Santana, que é do PT, porém é um forte aliado dos irmãos Ferreira Gomes.

De acordo com informações do Jornal O Globo, o encontro durou uma tarde inteira. Ciro teria exposto toda a sua mágoa com o PT, enquanto Lula teria lembrado dos ataques que o presidenciável fez contra o Partido dos Trabalhadores. Entretanto, o principal assunto da conversa foi o atual governo Bolsonaro e a gestão da pandemia, algumas ponderações sobre o porquê do resultado de 2018 também foram realizadas.

Depois da reunião engendrada por Camilo Santana, os dois políticos mudaram o tom, tanto Lula quanto Ciro estão adotando ares mais amenos. Ciro reduziu os ataques frontais aos integrantes do PT e a própria estrutura partidária. Por sua vez, Lula passou a classificar as diferenças com Ciro como “pontuais”, termo usado pelo ex-presidente em entrevista concedida à rádios do Cariri cearense. Lula, chegou, inclusive, a classifica-lo como um nome qualificado para disputar a Presidência da República.

Ciro e Lula mantinham uma relação extremamente próxima, especialmente durante o primeiro governo do petista, quando Ciro foi Ministro da Integração Nacional, sendo um dos responsáveis por tocar a transposição do Rio São Francisco. Ciro também era constantemente exaltado por Lula durante a crise do mensalão, em 2005. Todavia, com o passar dos anos a relação entre a cúpula do PT e Ciro Gomes amargou duramente, o hoje pdtista passou a conduzir fortes críticas aos métodos de trabalho do partido, e aos nomes escolhidos para postos estratégicos do governo. O acirramento ocorreu de modo exacerbado durante o final do primeiro e o início do segundo governo Dilma.

Em 2018 quando foi chamado para ser vice de Lula, e depois tornar-se candidato, Ciro classificou a proposta como “papelão”, disse ainda que não aceitaria ser “vice de araque”. Lula tentou contemporizar inicialmente, mas em maio deste ano afirmou que Ciro estava buscando os votos de quem odeia o PT, e disse: “que vá com Deus”. Outros membros de renome do grupo petista também teceram árduas críticas ao pdtista, entre eles Gleisi Hoffman e Lindbergh Farias.

A reaproximação de duas forças políticas tão grandes denota um denso olhar para 2022, uma possível aliança entre PT e PDT, talvez não seja tão improvável. Porém, segue sendo bastante difícil, e exigirá muito diálogo durante o próximo um ano e meio, pois Ciro não abrirá mão da disputa e certamente o PT também não deseja faze-lo. No entanto, os rumos políticos sempre podem conduzir a novos arranjos, e aquilo que é difícil hoje, não significa irrealizável.

Os resultados municipais deverão indicar um tom importante, tanto sobre a rejeição ao PT, quanto sobre as posições do PDT. Entretanto, no caminho atual o quadro parece que será um pouco mais favorável ao PDT, pois as candidaturas petistas tem observado um alto grau de dificuldade para subir nas intenções de voto, isso no campo das capitais. Já as postulantes do PDT, apesar de também não estarem brigando em demasiado pelas primeiras colocações, tem conseguido se mostrar um tanto mais incomodas aos caciques da política local. São muitas cenas a ver.

No jogo político municipal o PT está apoiando 174 candidatos a prefeito do PDT. Por sua vez o PDT está engajado com 134 postulantes a prefeito do PT. Nenhuma dessas alianças se deu nas capitais.